Felipe Molero, 14 anos. Miguel Chauar, 15 anos. Além da pouca idade, esses dois jovens têm algo mais em comum: o gosto pelos investimentos na bolsa de valores e o desejo de inspirar outras pessoas a fazer o mesmo. No perfil que mantêm nas redes sociais, eles publicam vídeos com dicas sobre como investir de modo seguro e rentável. Felipe (@ofelipemolero), também conhecido como Kid Investor, tem 711 mil seguidores no Instagram e uma página no YouTube com 152 mil inscritos. Miguel Chauar (@miguelchauar) é acompanhado por 51 mil pessoas no Instagram e outras 22,4 mil no TikTok.
O primeiro passo
O início da trajetória investidora de Felipe foi aos 10 anos. Sempre muito ligado nas redes sociais, o estudante estava navegando pelo Instagram quando foi impactado por anúncios de mansões. Curioso, resolveu buscar o preço dos imóveis. As cifras surpreenderam e o fizeram mergulhar ainda mais em sua pesquisa para saber quem eram as pessoas que compravam e como elas conseguiam a renda. Foi aí que descobriu o mundo do empreendedorismo e dos investimentos e passou a se dedicar ao assunto. Como não recebia mesada, Felipe começou a vender balas, chicletes e suco para os amigos da escola, o Colégio COC, de Osasco. Foi juntando tudo que ganhava aos poucos até chegar a R$ 1.500, que, com a ajuda dos pais, foram investidos em fundos imobiliários. A ida para a bolsa de valores aconteceu só durante a pandemia, quando os preços das ações sofreram forte queda. “Acho que fui um pouco arrojado, mas era do que eu gostava.”
Já o interesse de Miguel surgiu aos 12 anos, durante uma aula no colégio Anglo, na cidade paulista de Itapetininga, quando um professor fez um investimento real de R$ 200. “Decidi começar a investir quando entendi que, quanto mais cedo uma pessoa inicia, maior o potencial de crescimento do seu patrimônio”, diz. Emprestou dinheiro do pai para fazer um teste. Com o sucesso nos resultados e disposto a construir o próprio pé de meia, o adolescente começou a vender bolo de pote na escola e a administrar sua “gerenciada” (nome que dava ao dinheiro que recebia usando a metodologia da educadora financeira Luiza Dalmazo), até juntar mil reais e fazer o primeiro investimento.
Carteira diversificada
Hoje, a carteira de investimentos de Miguel é distribuída entre renda variável, fundos imobiliários, criptomoedas e renda fixa. “Como foco no longo prazo, não preciso acompanhar diariamente. O maior trabalho vem antes de investir, na hora de escolher a empresa para fazer o aporte.” A queridinha dele no momento é a M. Dias Branco, empresa dona de marcas como Adria e Piraquê.
Felipe também tem suas preferidas. “Gosto de investir em setores perenes, que sempre serão necessários, como financeiro, energia e seguros”, afirma.
Errar cedo é melhor
O grande conhecimento não os impede de cometer equívocos. Felipe conta que já fez um investimento errado em uma empresa durante a pandemia. “Comprei as ações porque o preço parecia bem vantajoso, mas os fundamentos da companhia eram fracos e impediram a recuperação. Acabei perdendo dinheiro.”
Miguel também teve seus tropeços. “Comprei sem querer uma quantidade dez vezes maior de uma ação e tive que vender tudo no mesmo dia, o que me rendeu a cobrança de um imposto.” Cientes de que investir na bolsa de valores é arriscado, ambos esperam aprender com os erros cometidos com pequenas quantias para evitar grandes perdas futuras. Eles não escondem que os resultados têm sido positivo até aqui. O destino da maior parte dos valores, claro, é a carteira de investimentos.
Glossário
•FUNDOS IMOBILIÁRIOS: modelo de aplicação no qual o investidor compra uma fatia (cota) de um fundo que vai investir em imóveis. Todo o ganho obtido é dividido entre os participantes na proporção de suas aplicações.
•RENDA VARIÁVEL: investimentos sem garantia de rentabilidade, como ações e fundos imobiliários.
•RENDA FIXA: modalidade de investimento que tem rentabilidade estabelecida desde o momento
