O sobe e desce dos preços

Entenda como os institutos de pesquisa apuram os índices de inflação
23 de agosto de 2022 em Edições Impressas, Mercado
Dinheiro - Real

Depois de um longo período de crescimento, que levou a inflação à maior alta desde o início do Plano Real, o resultado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apurado em julho mostrou redução nos preços de 0,68%. Foi a maior queda registrada desde que o índice passou a ser medido pelo IBGE, em 1980. Considerando a variação de preços nos últimos 12 meses, a inflação brasileira está em 10,07%.

Essa redução nos preços é chamada de deflação. É o oposto da inflação, ou seja, é a diminuição generalizada dos preços. Normalmente, essa queda acontece porque as pessoas estão comprando menos ou porque a oferta de produtos está maior do que a intenção de compra dos consumidores. No caso brasileiro, está ligada à queda das tarifas de energia elétrica e do preço dos combustíveis, estimulada pela redução da alíquota de ICMS. 

Apesar do resultado, alguns produtos ainda registraram alta no mês de julho. Foi o caso de bebidas e alimentos. O leite, por exemplo, ficou 25% mais caro. E as roupas tiveram alta de 0,58%.

Para medir a variação dos preços, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) pesquisa o preço de grupos específicos de produtos, como alimentação e bebidas, vestuário, educação, habitação e transportes.

O IBGE é o órgão que mede o IPCA, considerado o índice oficial de inflação do país. Mas este não é o único. Há outros índices, como IGP-M, medido pela FGV (Fundação Getulio Vargas); INPC, também apurado pelo IBGE; e IPC, divulgado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). 

Todos têm o objetivo de medir a variação de preços de produtos e serviços consumidos pela população e levam em conta o peso que cada item tem no orçamento das famílias. A diferença entre eles é a cesta de produtos e a parcela da população considerada. Enquanto o IPCA mede a variação dos preços para famílias que têm renda mensal de um a 40 salários mínimos, o INPC faz a verificação para famílias que faturam até cinco salários mínimos. 

O uso dos índices também pode ser diferente. Enquanto o IPCA é o percentual levado em conta pelo Banco Central para definir sua política de juros, o IGP-M é comumente usado como referência para reajuste de contratos de aluguel e planos de saúde.

Pergunta para o especialista

Por que os efeitos da inflação são mais graves para os mais pobres? – Matteo G., 16 anos

Resposta de Myrian Lund, planejadora financeira e professora do MBA da Fundação Getúlio Vargas: Porque quando a inflação é alta, as pessoas perdem poder de compra. Ou seja, o salário que hoje compra dez cestas básicas no futuro, se houver forte aumento de preços, pode não ser mais sufi ciente. Isso prejudica principalmente as famílias mais carentes.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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