Depois de um longo período de crescimento, que levou a inflação à maior alta desde o início do Plano Real, o resultado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apurado em julho mostrou redução nos preços de 0,68%. Foi a maior queda registrada desde que o índice passou a ser medido pelo IBGE, em 1980. Considerando a variação de preços nos últimos 12 meses, a inflação brasileira está em 10,07%.
Essa redução nos preços é chamada de deflação. É o oposto da inflação, ou seja, é a diminuição generalizada dos preços. Normalmente, essa queda acontece porque as pessoas estão comprando menos ou porque a oferta de produtos está maior do que a intenção de compra dos consumidores. No caso brasileiro, está ligada à queda das tarifas de energia elétrica e do preço dos combustíveis, estimulada pela redução da alíquota de ICMS.
Apesar do resultado, alguns produtos ainda registraram alta no mês de julho. Foi o caso de bebidas e alimentos. O leite, por exemplo, ficou 25% mais caro. E as roupas tiveram alta de 0,58%.
Para medir a variação dos preços, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) pesquisa o preço de grupos específicos de produtos, como alimentação e bebidas, vestuário, educação, habitação e transportes.
O IBGE é o órgão que mede o IPCA, considerado o índice oficial de inflação do país. Mas este não é o único. Há outros índices, como IGP-M, medido pela FGV (Fundação Getulio Vargas); INPC, também apurado pelo IBGE; e IPC, divulgado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Todos têm o objetivo de medir a variação de preços de produtos e serviços consumidos pela população e levam em conta o peso que cada item tem no orçamento das famílias. A diferença entre eles é a cesta de produtos e a parcela da população considerada. Enquanto o IPCA mede a variação dos preços para famílias que têm renda mensal de um a 40 salários mínimos, o INPC faz a verificação para famílias que faturam até cinco salários mínimos.
O uso dos índices também pode ser diferente. Enquanto o IPCA é o percentual levado em conta pelo Banco Central para definir sua política de juros, o IGP-M é comumente usado como referência para reajuste de contratos de aluguel e planos de saúde.
Pergunta para o especialista
Por que os efeitos da inflação são mais graves para os mais pobres? – Matteo G., 16 anos
Resposta de Myrian Lund, planejadora financeira e professora do MBA da Fundação Getúlio Vargas: Porque quando a inflação é alta, as pessoas perdem poder de compra. Ou seja, o salário que hoje compra dez cestas básicas no futuro, se houver forte aumento de preços, pode não ser mais sufi ciente. Isso prejudica principalmente as famílias mais carentes.